segunda-feira, outubro 31, 2005


Um Blog a sério

Muitos Parabéns pelos dois anos da Rua da Judiaria.

Foi a pensar nele que se inventou a expressão «Blog de Referência».


Eles gostam da vida como ela é

sexta-feira, outubro 28, 2005


Palavras que já não consigo ouvir (II)

Magistratura, coesão social, poderes presidenciais, manifestos, órgãos de soberania, intervencionista, influência, influenza, vacina, grupos de risco, Soares, Cavaco.


Coisas que custam lembrar (II)

Em 1986, Soares, em pleno debate televisivo, epitetou Zenha de senil.

[Que cognome estará reservado a Alegre? Pateta...?]


Coisas que custam lembrar (I)

Portugal tem um sistema constitucional semi-presidencialista com pendor parlamentar, ou, à la carte, um sistema parlamentarista com mediação presidencial.

[Claro que isto ainda não está liquefeito nos eloquentes perdigotos de Jorge Miranda]

quinta-feira, outubro 27, 2005


Palavras que já não consigo ouvir (I)

Aves, gripe, pandemia, epidemia, h5n1, h5n2, pombos, tamiflu, dejectos, Soares, gansos patolas, Cavaco.


Mais depressa se apanha uma bela acordada...

"Já o sotaque é franqueza de berço, a par do Tejo, das colinas e desta luz gloriosa*."

*Prima, sem devassa: eu sabia, eu sabia, eu sabia.

quarta-feira, outubro 26, 2005


C.A.G.A.

A Comissão para o Acompanhamento da Gripe Aviária (é consabido que os veterinários são maus em acrónimos) procedeu em conformidade quanto a um falcão que morreu em Vila de Rei. A população local está revoltada com a incúria e já decidiu: nem mais um falcão assado será servido nas mesas de Vila de Rei.

terça-feira, outubro 25, 2005


Piada palerma de que não me consigo livrar

Al Qaeda is now looking to hire people for video production work. Apparently the last two guys they hired had short fuses.

Jay Leno, The Tonight Show


Falares

Vem esta a propósito de resposta do besugo a uma das minhas diatribes. Sem qualquer verrina, pois gosto do besugo e o mucho é um da meia dúzia de blogs que procuro não perder de vista, mesmo naquelas semanas em que já não vejo grande coisa. (Sete, se contarmos com o de casa, porque também espreito o GF, na sempiterna esperança que as quatro belas adormecidas residentes tenham acordado).

Claro que o sotaque de Lisboa e as afectações da fauna "tiazôca" são realidades bem diferentes. A fauna é um subproduto sem berço, sem eira nem Trás-os-Montes, que diz por dizer e faz por fazer. Já o sotaque é franqueza de berço, a par do Tejo, das colinas e desta luz gloriosa. É uma glutonice de vogais mudas, um ciciar doce em cada ésse (in)finito, a rima quebrada de vejo com beijo… Só que às vezes dá-me a impressão que as mistura, caro bsugo (está a ver, comi esta vogal sem qualquer afectação).

Mesmo assim, fui injusta ao enfiá-lo na cama com o exegeta coimbrão da arte de bem pronunciar toda a sela. Ou sêla, que uma vogal aberta é alvo fácil e deve ser tratada como espécie protegida.

É que não tomo os seus nervos perante a afectação como sintoma de menoridade, os nervos besugais são do mais genuíno que por estas bandas se encontra. Mas, no caso, é um pedaço esbanjamento de fêvera. O desprezo sobranceiro basta e faz menos mal à cútis. Se bem que quem nasce escamado não deva estar nem aí para a tez (raios, podia ter resistido ao trocadilho dermo-piscícola). E tinha lido a história das primas, revendo-me na indignação do puto besugal. Fez-me lembrar duas que tais, tontinhas muito safardanas, que eu tinha para os seus lados e a quem aturava a toleima nas longas férias d’outrora, em anedotas algo invertidas, salvo seja. O que nos leva a novo busílis: para quê desperdiçar nervos de boa fêvera, com ou sem origem certificada, em carne de minhoca?

(Claro que o Beto não conta. Em caso algum.)

quinta-feira, outubro 20, 2005


A tale of two Davids

O grande debate para a liderança conservadora: qual dos dois finalistas é o mais Tony dos Tories? Irony, thy name is politics.


Calimeros

VINTE E TAL horas semanais no local de trabalho… onde é que já se viu? Professores a dar apoio a alunos… o despautério!
It’s an injustice…


42, biqueira estreita

Um país em que 4,285 euros por mês dão entrada no mais elevado patamar oficial de riqueza é um país oficialmente pobrezinho.


Sit down for the Special One

Sensato, Mourinho ter abandonado a carreira de tradutor de inglês.
Macarrónico é favor.


Suprise!!!

A sério? Cavaco Silva candidato a PR? Por esta é que ninguém esperava, vai ser preciso refazer todos os cenários.

sexta-feira, outubro 14, 2005


Ciclo "Falar de blogues"

PRÓXIMAS INICIATIVAS:

1. Falar de blogues no masculino

Sobre que assuntos falam os homens na blogosfera? Que motiva os autores dos blogues? Que dados têm sobre quem os lê? Haverá especificidades da intervenção dos homens na blogosfera?

2. Falar de blogues no hermafrodita

Sobre que assuntos falam os hermafroditas na blogosfera? Que motiva os hermafroditas dos blogues? Que dados têm sobre quem os lê? Haverá especificidades da intervenção dos hermafroditas na blogosfera?

EM GESTAÇÃO (difícil):

3. Falar de blogues sem género

NA FORJA (cof cof):

4. Falar de blogues eunucos

segunda-feira, outubro 10, 2005


A lição de Avelino

Era no Marco, ó homem discreto, infeliz vítima da comunicação social! Não são os eleitores que tudo perdoam: são os clientes.


Amor com amor...

A escolha pelo PS de Carrilho para Lisboa foi uma forma de pagar o favor da escolha pelo PSD de Santana para primeiro-ministro.

sexta-feira, outubro 07, 2005


Translucidez

Se fosse presidente da câmara, chamaria Ruben de Carvalho. Não o quero comprometer, mas acho que ele vinha.

Tenho pena que grande parte dos candidatos autárquicos seja constrangedoramente espartilhada pelas respectivas máquinas partidárias - estruturas que não sabem interpretar peva, para além dos seus próprios espiralados umbigos, dinâmicas locais e regionais.

quarta-feira, outubro 05, 2005


Os tontos chamam-lhe torpe

Ultimamente está em voga (li sobre o assunto apenas na Causa e no Blogame, mas só pode ser fenómeno generalizado, o mundo dos blogs costuma ser muito redondo) criticar a pronúncia de Lisboa. Que não respeita a pureza da nossa língua, que é snobe, que as vogais se não querem abertas e os ésses empatas. Ora, a imaculabilidade de uma língua pode ser tema de graçola revisteira, mas não há graça nenhuma na virgindade ofendida de uma vogal fechada. E acusações de snobismo por pormenores de rama são sintoma de menoridade provinciana. Todas as pronúncias são bonitas no que revelam de nós e ninguém fala melhor do que o vizinho por encolher o xis oculto que há em cada ésse por aí à solta.

Estou à vontade para perorar, pois sou uma pronunciadora mimética. Meia dúzia de dias no Porto e venho a trocar os bês pelos vês. Um fim-de-semana nos Açores e ninguém a mais de uma légua do Pico me compreende. O axim beirão também já me atacou. Aliás, ao fim de uma hora de conversa com um gago, e-e-e-eu est-t-t-tou a-q-q-qui. Como, depois de uns dias de férias no Algarve, começo a falar o inglês de um canalizador do Yorkshire. E nem o facto de no dia a dia ser mais lxbôa me tira a legitimidade transversal.

Uma língua viva é permeável e quer-se sabotada a cada dia na sua imutabilidade. O que é complicado e exige algum domínio, sob pena da subversão não passar de ignorância - coisa bem mais grave do que o snobismo ou a sua lupa, o sentido de inferioridade. Por isso me incomodam fenómenos como a linguagem sms escrita fora do telemóvel, as inconcebíveis legendas que vão aparecendo nos filmes (onde a maior parte dos indivíduos descritos como tradutores deveria ter antes do nome a designação assassino a soldo), os repórteres televisivos que só eles sabem porque não ficaram na escola, mas quanto à sonoridade da Kapital, do ninho do dragom, do torrão ou da insularidade… vivá música!